educa-ja
sábado, 20 de abril de 2013
A inserção tecnológica no contexto escolar
1.
A
inserção tecnológica no contexto escolar.
A inserção tecnológica no contexto escolar não é assunto de fácil
condução e trazem à tona questões como metodologia de ensino,
interdisciplinaridade, currículo, formação, infraestrutura e gestão escolar,
sendo este último, principal aspecto a ser analisado neste trabalho.
O uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação – TIC tomaram uma dimensão no nosso cotidiano difícil de mensurar,
devido à extensão ilimitada que elas têm alcançado nas nossas vidas. Nesse
entendimento Xavier (2007) destaca:
[...] alguns
estudiosos começam a falar no surgimento de um novo tipo, paradigma ou
modalidade de letramento, que têm chamado atenção de letramento digital. Esse
novo letramento, segundo eles, considera a necessidade dos indivíduos dominarem
um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com
urgência pelas instituições de ensino, a fim de capacitar o mais rápido
possível os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada
vez mais cercado por máquinas eletrônicas e digitais. (p. 1 - grifo do autor)
As escolas atualmente concorrem
vertiginosamente com a tecnologia digital, e não sabe muito bem como conduzir a
questão, o que demonstra que precisam
rever seus conceitos e metodologias, para que consigam fazer satisfatoriamente
a inserção tecnológica e, ainda, favorecer no âmbito escolar o letramento
digital, visto que esse universo já circunda o cotidiano dos alunos. Charlot ([2010?])
destaca que: "O professor
pode escolher como tratar a internet, mas não pode ignorá-la, [...] Ele vê duas possibilidades para o educador: fazer o
que a máquina não sabe ou ser substituído.”
Em vista da amplitude que a ferramenta digital
pode alcançar no cotidiano escolar, torna-se imprescindível que os gestores
escolares como principais articuladores, promovam por meio de projetos internos
e externos, incentivos a seu uso, a fim de aproximar a prática de ensinos mais
contemporâneos já aplicáveis na rotina social dos alunos, na busca de uma
aprendizagem de melhor qualidade aos discentes, além de aproximar a escola da
comunidade. Nesse contexto, Hessel (2004) discorre que:
A questão não
se reduz somente a assimilar as TIC como ferramenta de ensino e aprendizagem,
de pesquisa, de automação de rotinas ou como provedora de informações
gerenciais. Trata-se de dar suporte e ampliar os canais de comunicação, quer
seja internamente, porque descentralização do poder deve promover a integração
da equipe escolar, quer seja externamente, porque a escola precisa compartilhar
informações, estabelecer contatos de todas as espécies, além de ativar uma rede
comunicativa que facilite a interação entre pais, alunos, professores, etc.
(p.5)
É fato que se avista uma nova
configuração da realidade da escola pública e, conectar a escola às demandas da
sociedade se tornou imprescindível para que alcancemos melhores resultados na
educação. Ficar alheios as correntes existentes no mundo e à globalização faz
da escola um lugar sem sentido para os alunos e de certa forma obsoleta.
A escola como principal recurso
educacional deve favorecer à sua demanda a inserção
tecnológica, porém o tratamento desse recurso deve ser otimizado em prol de
ampliar a socialização e as informações.
O que comumente vemos, são
laboratórios de informática ocupando espaço figurativo na escola. Falta
infraestrutura adequada para que se possam atender adequadamente as turmas. Os
professores não recebem formação para operarem os equipamentos e os gestores
que deveriam ser os principais articuladores dessa inserção, por vezes,
delimitam o uso dos equipamentos, impedindo a utilização de internet pelos alunos.
Isso
demonstra que uso do laboratório de informática existente nas escolas não
configura de fato um ambiente favorável a interdisciplinaridade, a socialização
e tampouco possibilitam condições para que os alunos possam exercitar trabalhos
como coautores, pois seu uso fica restrito a programas de CD ROMM[1] e quando
muito para pesquisa, o que tornam os alunos consumidores do sistema e não
produtores. Nesse aspecto Buzato (2008, p. 327, apud CERTEAU, 1994):
[...]
podemos pensar na inclusão digital como um jogo de estratégia e tática,
um jogo no qual produtores implementam as TIC como estratégia capaz
de ampliar o seu lugar para além dos limites (territoriais,
institucionais) tradicionais de seu poder, ao passo que consumidores, circunstancializando
tal lugar, usando as TIC, produzem um espaço, fazem existir,
“multiforme embora sub-reptícia ou reprimida, uma outra experiência que não é a
da passividade” (CERTEAU, 1994, p. 268, grifo do autor).
Para que os
laboratórios de informática passem a oferecer aos alunos oportunidades de
ampliarem de fato seus conhecimentos, estreitarem relações e, ainda,
oportunizarem projetos pedagógicos que os qualifiquem como coautores, o gestor
escolar tem papel preponderante nessa facilitação.
Como principal articulador das ações
pedagógicas na escola, o gestor pode e deve promover na escola práticas de uso
das tecnologias. Além de se posicionar como incentivador deve ainda, manter os
equipamentos em funcionamento, melhorar a infraestrutura dos laboratórios,
favorecer treinamento aos docentes, disponibilizar internet para uso dos
docentes e alunos. Nesse sentido,
Almeida & Prado (2005) discorrem que:
O gestor
líder é aquele que apóia a emergência de movimentos de mudança na escola e
percebe nas tecnologias oportunidades para que a escola possa se desenvolver.
Ele busca criar condições para a utilização de tecnologias nas práticas
escolares, de forma a redimensionar seus espaços, tempos e modos de aprender,
ensinar, dialogar e lidar com o conhecimento. Ele procura identificar as
potencialidades dos recursos disponíveis para proporcionar a abertura da escola
à comunidade, integrá-la aos distintos espaços de produção do saber, fazer da
escola um local de produção e socialização de conhecimentos para a melhoria da
vida de sua comunidade, para resolução de suas problemáticas, para a
transformação de seu contexto e das pessoas que nele atuam. (p. 17).
Partindo desses pressupostos, compete ao
gestor escolar primar pela articulação de todos os interessados, dentro dos
princípios da gestão democrática e participativa, efetivando a implantação da
inserção tecnológica de forma legítima e conexa com todo o Projeto Político
Pedagógico.
[1]CD-ROOM foi desenvolvido em 1985
e traduz-se aproximadamente em língua portuguesa para Disco Compacto - Memória
Apenas para Leitura. O termo "compacto" deve-se ao seu pequeno
tamanho para os padrões vigentes, quando do seu lançamento, e "memória
apenas para leitura" deve-se ao fato de o seu conteúdo poder apenas ser
lido, e nunca alterado. A gravação é feita pelo seu fabricante.
Disponível em <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070318120618AAkehOq>.
Acesso em 14 maio 2012.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
sábado, 12 de maio de 2012
A difícil tarefa de ser gestor escolar no mundo globalizado.
Figura 1 |
Diretora de escola pública desde 1996 assisti nas últimas décadas a gestão escolar tomar diferentes configurações diante do contexto escolar.
A gestão escolar atualmente demanda mais do que uma boa formação, requer agilidade, determinação, comprometimento e muita paciência.
Antes de discorrer sobre o assunto, torna-se imprescindível aprofundarmos sobre o conceito etimológico de gestar para que se torne possível mensurar seu significado dentro do universo escolar. Segundo o Dicionário Houaiss, (2001) gestar traz diversos sentidos decorrentes da ação como: administrar, dirigir, proteger, abrigar, produzir, criar, nutrir, manter, mostrar, fazer aparecer, digerir, pôr em ordem, classificar, entre outros significados.
Isso demonstra, como é complexa a função de um gestor de escola. Essa complexidade é que faz da natureza “gestar”, uma ocupação de difícil condução. “Administrador e mediador de conflitos, o diretor é, sem dúvida, o personagem que encarna a instituição escolar.” (BURGOS; CANEGAL, 2011, p.15)
A partir dos anos 90, com a política de descentralização e o aumento da autonomia da escola, se descortinou no âmbito educacional uma nova exigência sobre a escola, em especial sobre a figura do gestor escolar, que passou a ser visto como principal articulador de todas as ações da escola, o que gerou uma maior responsabilização, principalmente no que tange sua intervenção nas questões pedagógicas. Nesse sentido, França e Frossard (2011, p.8 apud TRIGO E COSTA, 2008), “indicam que a liderança tem assumido, nas organizações educativas, um papel de grande relevo, inclusive, passando a ser apontado como uma das chaves para mudanças dos sistemas e das organizações escolares [...]”.
À luz dessas considerações, foi gerado uma nova dimensão de gestão escolar. Os resultados alcançados nas escolas passaram a ser correlacionados fortemente com a atuação do gestor escolar em todos os âmbitos educacionais.
A universalização do ensino preconizada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB/1996 trouxe juntamente com a massificação do ensino originada nos anos 70, toda a problemática social e econômica para dentro da escola, o que grosso modo, gerou uma desescolarização: “[...] ação combinada do esvaziamento e aligeiramento dos conteúdos escolares, da precarização dos espaços físicos escolares, das formas de trabalho que envolvem os processos de escolarização[...]”(PEREGRINO, 2010, p. 99).
Resgatar as verdadeiras raízes da escola, se tornou atualmente um dos principais objetivos da educação e, consequentemente, dos gestores escolares que precisam criar na escola mecanismos eficientes de ensino e aprendizagem.
A falta de estrutura das Redes de Ensino, aliada ao absenteísmo docente e a desestrutura familiar dos alunos, entre outros problemas de dimensões internas e externas, transformou a atuação do gestor escolar, em uma missão quase impossível de se enveredar de maneira satisfatória, em face de esse gestor estar o tempo todo voltado a administrar problemas recorrentes de um processo educacional que não favorece a atuação desse profissional como deveria.
Administrar processos, por vezes burocráticos, passa como menos trabalhoso, quando comparado a administrar os conflitos interpessoais que surgem na escola.
O gestor se vê o tempo todo em um dilema; se for autoritário demais, corre o risco de responder por assédio moral, ao passo que omisso e pouco atuante, perde o respeito da equipe e a instituição educacional fica fragilizada.
Figura 2 |
Exercer a liderança torna-se elemento fundamental para gestão escolar, porém, se isto não for executada de forma adequada, o gestor corre o risco de se frustrar diante dos resultados e, ainda, ficar sobrecarregado se não administrar bem a distribuição de tarefas.
Então, como redirecionar o papel da escola e, ao mesmo tempo encontrar um equilíbrio eficiente na gestão escolar?
Se você é gestor escolar, e compartilha dos mesmos dilemas, deixe seu comentário...
Até breve!
Sugira temas para as próximas discussões!
BURGOS, M. B.; CANEGAL, A. C. Diretores Escolares em um Contexto de Reforma da Educação. Revista Pesquisa e Debate em Educação. v.1. n1. p. 15. 2011. Disponível em <http://www.ppgp.caedufjf.net/mod/resource/view.php?id=2350>. Acesso em 09 maio 2012.
FRANÇA, I. A.; FROSSARD, L. Responsabilidade e Gestão: Percepção de diretores escolares sobre autonomia em seis estados brasileiros. p. 8. 2011. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdron2011/PDFs/.../0277.pdf.> Acesso em 9 maio 2012.
Houaiss, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Editora Objetiva. 2001
PEREGRINO, M. Trajetórias Desiguais: Um estudo sobre os processos de escolarização pública de jovens pobres. Ed. Garamond, Rio de Janeiro, p. 99. 2010.
Referências Imagens:
2.<http://www.fotosearch.com.br/ilustracao/conversando_9.html>
3.<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cpmdarcycosta.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/5/430/1590/arquivos/Image/livrodidatico.jpg&imgrefurl>
3.<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cpmdarcycosta.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/5/430/1590/arquivos/Image/livrodidatico.jpg&imgrefurl>
Dicas de blogs:
O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho, mas formar uma nação com gente capaz de pensar.
José Arthur Giannotti
Educa- Já
O blog Educa-Já surgiu como atividade proposta pelo Curso de Mestrado Profissional em Gestão Escolar, na Disciplina de Linguagens e suas Tecnologias.
Como principal objetivo da proposta, pode-se destacar o incentivo aos cursistas se engajarem cada vez mais no universo do letramento digital, universo este capaz de estabelecer novas relações do homem com o conhecimento.
Nesse entendimento, este blog tem como escopo favorecer a troca de experiência entre gestores e demais profissionais, por meio de ambiente digital, na busca por uma educação de qualidade “já”. Dessa concepção surge o nome do blog, “Educa-Já”.
Porém, pretendo enfocá-lo em questões que envolvam diretamente o cotidiano dos gestores escolares, para que se torne possível por meio dessa relação digital, ampliar as discussões por todos os interessados, tornando as temáticas educacionais mais acessíveis, ao mesmo tempo promover discussões relevantes acerca das problemáticas que envolvem a gestão escolar.
Será possível com o blog estabelecer uma ponte entre os gestores de escolas, onde poderemos discutir aspectos etnográficos da função, como por exemplo: gestão de pessoas, personalização, absenteísmo docente, inclusão, distribuição de tarefas na escola, excesso de burocracia do sistema educacional, descentralização, autonomia, gestão financeira, inserção tecnológica na escola, relação escola/comunidade, entre outros.
Pretendo, ainda, favorecer debates e discussões acerca dos mais variados temas que envolvem o dia a dia escolar. Nesse sentido, irei promover aos visitantes que sugiram temas para possíveis discussões e, também, postar links educacionais que possam ser úteis para os temas em pauta.
Espero compartilhar com os profissionais que acessarem meu blog, mais do conhecimentos e experiências, mas, também, prováveis soluções para as questões que empecilham nossa jornada de fluir melhor, pois não podemos de forma alguma, nos arrefecer diante das dificuldades que se engendram no cotidiano escolar.
Acredito que juntos possamos construir uma educação de fato significativa para nossos alunos.
Abraços!
Deise Kuhl
Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa,
nunca tem medo e nunca se arrepende.
Leonardo da Vinci
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